Rasto de Tiaras, by L. - Parte 1

Pois, já era expectável que a determinado ponto eu trouxesse este assunto a este maravilhoso blog. Aproveitando a calma que rodeia os membros da realeza (tirado o assunto do momento envolvendo Principe Henry de Gales em Las Vegas), vamos falar de Tiaras, sim?
Ora bem, como falar de todas as tiaras de todas as casas reais seria um pouco longo, já para não dizer ofuscante à vista,  eu decidi fazer a eleição de no máximo duas tiaras por casa real (uma de Rainha e outra de uma Princesa, por exemplo). O critério? Simplesmente o meu gosto pessoal.
Poderão não ser as mais bonitas para vocês, mas aqui ficam as minhas favoritas (e olhem que nalguns casos tive mesmo que decidir na hora de escrever o post). Não se admirem se preferir os clássicos diamantes e pérolas em vez das grandiosas e coloridas pedras preciosas.
Na hora de usar uma tiara, prefiro a classe à grandiosidade.

Bélgica
Para começar tive logo um bloqueio. Os belgas que me perdoem, mas não gosto mesmo nada das tiaras deles. Além disso, esta casa Real não tem propriamente muitas tiaras à escolha. Coragem...

 Tiara das Nove Províncias

Atenção! Não morro de amores pela tiara, mas é uma peça com grande história e versatilidade.
Feita pelo joalheiro Van Beven, esta tiara de diamante e platina  foi um presente do governo belga à princesa Astrid da Suécia, quando se casou, em 1926, com o Duque de Brabante, mais tarde rei Leopold III da Bélgica. Os 11 diamantes no topo representam as nove províncias, do Congo e da Casa Real. Estes estão cercados por padrões romboidais que foram adicionados à configuração original. A base pode ser retirada e usada independentemente como um diadema ou como um colar. É a única jóia "histórica" ​​na Colecção real, que é transmitido às rainhas belgas a cada mudança de reinado.

Astrid da Bélgica usando a versão original da tiara

Versatilidade da tiara nas três últimas Rainhas belgas Astrid, Fabiola e Paola

Pessoalmente acho que a tiara foi mesmo feita para Astrid. Adoro a forma mesmo à anos 20 como ela usava apenas a base da tiara, ou a versão original. :)

Tiara de pérolas e diamantes da Princesa Claire

Muita especulação rodeia esta tiara. Claire apareceu a primeira vez com ela no casamento da Princesa Vitória da Suécia em 2010 (em baixo, à esquerda). Primeiramente pensou-se que a tiara fosse emprestada por algum joalheiro, já que Claire apenas possui a tiara que usou no dia do seu casamento, feita especialmente para si em 2003. Quando a tiara fez a segunda aparição no casamento do Principe Albert II do Mónaco em 2011 (em baixo à direita), a hipótese do empréstimo ficou mais enfraquecida e pensa-se que tenha sido uma aquisição pessoal da Princesa, já que a própria Duquesa de Brabante, Mathilde futura Rainha belga, apenas possui uma tiara emprestada pela casa real, o Diadema Rainha Elizabeth, que usou no dia do seu casamento, além da Tiara de diamantes Grinalda de Louro, oferecida pela nobreza belga a Mathilde aquando do seu casamento com Philippe da Bélgica, e que também pode ser usada como colar.


Emprestada ou não, Claire ganha a Mathilde com esta peça.


Dinamarca
Outro caso difícil de decidir. Muito porque é tudo demasiado grande e brilhante. Eu sei que é suposto eu gostar de tiaras, mas muitas vezes elas assustam-me....
Escolhi talvez as óbvias. E mais uma vez devido á sua versatilidade. 

Tiara floral Aigrette

As origens da tiara permanecem misteriosas. Segundo algumas fontes, teria sido feita em 1850 e teria pertencido a Grã-Duquesa Anastásia Mikháilovna da Rússia, Grã-Duquesa de Mecklemburg-Schwerin e mãe da rainha Alexandrine da Dinamarca. Seria a razão pela qual o rei Frederico IX a comprou em 1963 a partir do cantor de ópera dinamarquês-americano Lauritz Melchior, para a sua mulher a Rainha Ingrid que terá sido a primeira a usá-la na Dinamarca. A tiara é composta por três peças florais independentes de diamantes que podem ser usadas separadamente e permitir diversas variações. 

Versatilidade da Tiara floral Aigrette


Tiara de Rubi Desiree Clary

Talvez uma das minhas únicas excepções à negação do colorido de pedras preciosas.
Este fabuloso conjunto de diamantes e rubis foi feito por um joalheiro parisiense e foi oferecido em 1804 pelo imperador Napoleão I à sua ex-noiva Desiree Clary (que tinha casado em 1798 com Jean-Baptiste Bernadotte, futuro rei Carl Johan XIV da Suécia e Noruega) e que terá usado a tiara na coroação de Napoleão I . Após a morte da rainha Desiree em 1860, o conjunto foi herdado pela sua bisneta princesa Louise da Suécia, que se casou em 1868, com o príncipe Frederik da Dinamarca, futuro rei Frederik VIII. É assim que se tornou parte da Colecção real dinamarquesa, e é sempre passado à esposa do príncipe herdeiro da Dinamarca: princesa Alexandrina de Mecklenburg-Schwerin, em 1898, a princesa Ingrid da Suécia, em 1935 e, finalmente, Mary Donaldson em 2004. O conjunto é composto com uma tiara, uma pulseira e um broche, definidos com vários rubis pequenos montados em conjunto para criar a ilusão de um grande rubi a rodear diamantes.
A versão original da tiara não tem nada a ver com o que a tiara é hoje.
Rainha Ingrid da Dinamarca usando a versão original na Tiara de Rubis

Foi a Rainha Ingrid da Dinamarca, mãe da actual monarca dinamarquesa que fez a maior alteração, transformando a tiara que vemos nas fotografias acima, para a primeira imagem da Princesa Mary em baixo à esquerda.

A Princesa Mary por sua vez também decidiu modificar um pouco as folhas da tiara, mudando ligeiramente a sua disposição, resultando no formato que vemos na figura acima à direita. As folhas que terão sobrado deste rearranjo, foram aproveitadas para adornos em penteados.  
Na minha opinião a tiara fica muito melhor assim.
Curiosidade: Mary usa esta tiara exclusivamente para grandes eventos nacionais, e a tiara saiu pela primeira vez da Dinamarca desde 1868, em 2010 para a vizinha Suécia para o casamento da Princesa Vitória, exactamente na mesma Catedral em que a, na altura Princesa Ingrid da Suécia, futura Rainha da Dinamarca, casou. Nada ao acaso!)


Espanha
Já Espanha apenas tem diamantes e pérolas nas suas tiaras, pelo menos nas mais conhecidas.

Tiara Rainha Maria Cristina

Encomendada pela rainha Maria Cristina, esposa do rei Alfonso XII de Espanha, este enorme tiara é definida por 27 pérolas brancas, ao redor das quais 13 arranjos de diamante estão gradualmente dispostos. Depois da sua morte, em 1926, foi legada a seu filho, o príncipe Juan de Borbón y Battenberg, conde de Barcelona. Em 1967, o conde cedeu a tiara à sua filha mais velha, infanta Maria del Pilar, duquesa de Badajoz, quando se casou com Luis Gomez-Acebo. A Infanta para se certificar de que a peça não sairá da Colecção Real,  vendeu a jóia ao seu irmão mais novo, o rei Juan Carlos I da Espanha. A Rainha Sofia é que tem usado a Tiara.


Tiara Prussiana  

Tiara Concha Mellerio


Pois, lamento mas não consegui decidir. Estas duas tiaras são muito bonitas na sua simplicidade e detalhes, e principalmente por serem sensíveis ao movimento, devido a pedras preciosas pendentes.
Primeiro a Prussiana. Esta tiara de diamantes sempre foi transmitida como um presente de casamento: no primeiro, foi um presente para a princesa Viktoria Luise da Prússia do seu pai, o Kaiser Willem II da Alemanha, quando se casou, em 1913, com o príncipe Ernst August de Hannover. Depois disso, foi dada à única filha do casal principesco, a princesa Frederika de Hannover, em 1938, quando ela se casou com o rei Paulo I da Grécia, e mais tarde ela deu a peça à sua própria filha, a princesa Sofia da Grécia, quando esta se casou, em 1962, com o príncipe Juan Carlos de Bourbon, futuro rei Juan Carlos I da Espanha. Hoje, a rainha Sofia de Espanha não usa mais esta tiara, e cedeu-a várias vezes para a sua nora a princesa Letizia, que usou a tiara no dia de seu casamento com o príncipe Felipe de Espanha, em 2004. E continua a ser a tiara que Letizia mais usa em cerimónias oficiais, no entanto as suas cunhadas também usaram esta peça, principalmente durante a juventude. Esta tiara tem um grande diamante central em forma de lágrima que dá vida a esta belíssima peça, cuja beleza devo dizer sobressai mais ou menos, dependente do estilo de penteado adoptado. E devo dizer que nesta categoria, Letizia chegou lá. 

Da esquerda para a direita: Tiara Prussiana usada pela Princesa Sofia da Grécia do dia do seu casamento e pelas suas filhas, as Infantas Elena e Cristina de Espanha

Tiara Prussiana usada pela princesa Letizia de Espanha

Passando ao diadema Mellerio. Este diadema de pérolas e diamantes foi feito por Mellerio entre 1865 e 1868, e foi um presente para Infanta Isabel de sua mãe Rainha Isabel II de Espanha, quando ela se casou com o príncipe de Bourbon Gaetano Duas-Sicílias. Quando a Infanta morreu em 1931, o diadema foi deixado com o rei Alfonso XIII de Espanha. Em 1962, a peça foi dada à princesa Sofia da Grécia, ​​quando ela se casou com o príncipe Juan Carlos de Bourbon, futuro rei Juan Carlos I de Espanha. Algumas pérolas e diamantes pendentes vibram a cada movimento.

Da esquerda para a direita: Tiara Mellerio usada pela Princesa Letizia de Espanha, Rainha Sofia de Espanha e Infanta Cristina de Espanha


Chegaram-nos fotografias de uma nova tiara que Letizia teria, especialmente feita para si, oferta do seu marido, mas ainda não chegou o dia de usá-la. Mas quando esse dia chegar, ela passará a ser a tiara número 1 para mim na Casa Real Espanhola.


Grécia
Ok, posso ser implicativa? Vou apenas escolher uma tiara para este país. Primeiro porque esta monarquia já não existe, e depois, porque a Rainha Anne-Marie da Grécia é também uma princesa dinamarquesa, e grande parte das suas jóias têm raízes dinamarquesas, ou seja pedras preciosas e coloridas com fartura, e eu não gosto muito disso... Além do mais a tiara de "princesa" que eu mais gosto é de um formato bastante comum na maioria das casas reais e vou falar dele quando falar da Suécia.
Sendo assim escolho esta tiara que acaba por ser um dois em um, porque é usada tanto por Rainhas como por  Princesas e tem bastante simbolismo no que toca à tradição matrimonial greco-dinamarquesa, apesar do nome que ostenta.


Tiara Khedive do Egipto

Feita pela Cartier em 1905, esta tiara de diamantes e platina foi um presente de Khedive do Egipto, à princesa Margaret da Grã-Bretanha, quando ela se casou com o príncipe Gustavo Adolfo da Suécia, futuro Rei Gustav VI Adolf. O Egipto foi o lugar onde o casal real se conheceu pela primeira vez. A peça foi herdada pela princesa Ingrid da Suécia (já reparam que quase todas as tiaras passam por Ingrid??), em 1920, que a levou com ela quando se casou com o príncipe Frederik da Dinamarca, em 1935, o futuro Rei Frederico IX.  E assim começou uma tradição de família que continua até hoje (uma das muitas iniciadas pela Rainha Ingrid). A tiara foi emprestada a cada uma de suas três filhas no dia do seu casamento. Cada descendente feminina de Ingrid usou a tiara de seu casamento, desde a rainha Anne-Marie, em 1964, de uma forma que até faz confusão, tais são as parecenças na tiara, penteado, véu e vestido. A filha mais nova de Anne-Marie, a princesa Theodora, é a única neta de Ingrid actualmente solteira, depois disso, a tradição vai continuar com as bisnetas, pelo menos assim esperamos.

Da esquerda para a direita as noivas: Rainha Anne-Marie da Greece, Princesa Margrethe da Dinamarca, Princesa Benedikte de Sayn-Wittgenstein-Berleburg, Princesa Alexandra de Sayn-Wittgenstein-Berleburg, Princess Alexia da Grécia e Dinamarca e  Princesa Nathalie de Sayn-Wittgenstein-Berleburg

Após a morte de Ingrid, em 2000, a tiara passou sua filha mais nova, a rainha Anne-Marie da Grécia, que a usa em algumas das raras vezes em que pode dar uso às suas antigas relíquias.




Dado que esta família real não tem um país para reinar, é normal que com o passar das gerações, o uso da Tiara, mesmo em grandes eventos caia em desuso, mas não deixa de ser uma peça, que apesar de não maravilhosamente linda, tem um elevado valor sentimental.


Jordânia
Neste caso também vou apenas falar de uma tiara, porque não são tantas assim, e geralmente, apenas vemos a Rainha Rania a usar tiara.


Tiara de Diamante da Rainha Alia da Jordânia
Rainha Alia da Jordânia

Este magnífico conjunto de diamantes foi feito pela Cartier para Alia Baha ed Din Toukan, que se tornou rainha da Jordânia, após casar com o rei Hussein, em 1972. É composto com uma tiara e um par de brincos combinando. Sua filha princesa Haya herdou a tiara quando se casou, em 2004, com Mohammed ben Rached Al-Maktoum, Xeque de Dubai Amir.

Princesa Haya da Jordânia

No entanto, para retratos oficiais e alguns outros eventos, ela emprestou a tiara à sua cunhada Rania, rainha Rania da Jordânia, principalmente na fase inicial do seu reinado. Sendo ela que geralmente vemos usando a tiara.

Rainha Rania da Jordânia




Por hoje ficamos por aqui. Gostaram de alguma em especial?
Brevemente Rasto de Tiaras, by L. - Parte 2.


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Agradecimentos: Todas as minhas publicações sobre jóias reais devem muita informação a páginas como Royal Jewels Fan Club (Facebook) e ao supermaster blog The Royal Order of Sartorial Splendor. Sem eles, eu seria uma pessoa muito menos culta.

Comentários

  1. podia falar da joias portuguesas
    alias os maiores diamante tem origem português e alguns deles esta no cofre do governo americano

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  2. E as joias inglesas ? acho que a maior coleçao de joias as da coroa inglesa.

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    1. Rasto de Tiaras, by L. - Parte 3 http://tesourastiaras.blogspot.pt/2012/08/rasto-de-tiaras-by-l-parte-3.html

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